Já tive dificuldades em ouvir
Debussy. Não gostava do sabor da sua música. Hoje, tenho uma admiração desmedida
por suas composições. Ainda bem. Amadurecemos. Evoluímos. O universo é muito
generoso com a gente. Se não fosse assim, perderíamos a oportunidade de
perceber, de crescer, de atentar para fatos e fenômenos. Aprendi a gostar das
paisagens, das imagens sinestésicas do compositor. Foi justamente por causa
dessa característica, que o compositor revolucionou a linguagem harmônica do
século XX.
Neste disco, encontramos três de
suas obras orquestrais mais representativas. Faltou só “La Mer” para ficar
completo. A primeira delas é “Prélude à l'après-midi d'un faune”, composta em
1894. A obra foi inspirada em poema homônimo de Stéphane Mallarmé. O que chama
atenção é a atmosfera sensual e onírica que a obra procura retratar. A melodia conduzida
pela flauta que abre a obra cria um cenário de languidez e mistério, enquanto a
orquestração rica em cores vai criando as imagens sensuais do poema. Sua
linguagem inovadora.
A segunda obra do disco é “Nocturnes”,
escrita para orquestra e coro feminino. Cada movimento explora uma atmosfera
diferente. É uma obra de grande beleza, de emblemática leveza; há uma riqueza
nas texturas. O próprio compositor escreveu a respeito: “O título Noturnos deve ser entendido aqui em um
sentido geral e, sobretudo, decorativo. Não se trata, portanto, da forma usual
de um noturno, mas das várias impressões e efeitos especiais da luz que a
palavra sugere. Nuages (“nuvens”)
evoca o aspecto imutável do céu com o movimento lento e melancólico das nuvens,
que se dissolvem em tons de cinza com leves toques de branco. Fêtes
(“festas”) trazem o ritmo vibrante, dançante da atmosfera, com lampejos súbitos
de luz. Há também o episódio da procissão (uma visão deslumbrante, quimérica),
que passa pela cena festiva e se mistura com ela. Mas o pano de fundo permanece
sempre o mesmo: o festival com sua mistura de música e poeira luminosa
participando do ritmo geral. Sirènes
(“sereias”) nos mostra o mar com seus incontáveis ritmos e então, dentre as
ondas prateadas pela luz da lua, ouve-se o canto misterioso das Sereias que
riem e vão embora”. Os “Noturnos” são do ano de 1899.
A terceira obra do disco é “Images”,
escrita entre os anos de 1905 e 1912. É uma obra cuja estrutura é bem
audaciosa. Debussy procura explorar um universo sonoro com melodias escocesas (“Gigues”),
com a exuberância das cores da música espanhola (“Iberia”) e a leveza
primaveril (“Rondes de printemps”).
Claude Debussy (1862-1918) -
01 - Debussy_ Prélude à l'après-midi d'un faune, L. 86
02 - Debussy_ Nocturnes, L. 98_ I. Nuages
03 - Debussy_ Nocturnes, L. 98_ II. Fêtes
04 - Debussy_ Nocturnes, L. 98_ III. Sirènes
05 - Debussy_ Images, L. 122_ I. Gigues
06 - Debussy_ Images, L. 122_ II. Ibéria
07 - Debussy_ Images, L. 122_ III. Rondes de printemps
Royal Concertgebouw Orchestra
Bernard Haitink, regente
Mariss Jansons, regente
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